sábado, 22 de novembro de 2008

Porque você não faz um concurso público?

Esses dias, conversando com uma amiga, ela me perguntou: Porque você não faz um concurso público? E seguiu falando: “Ah, para mulher é ótimo você tem estabilidade, o salário é bom e ainda tem direito a licença”.

A verdade é que já escutei essa pergunta algumas vezes de amigos, conhecidos e, principalmente, de familiares, e tanta insistência no tema me fez refletir um pouco mais. E eu também me perguntei: Porque estou investindo tanto tempo, energia e dinheiro em montar uma empresa? Porque não fazer um concurso público?
Fiz uma pequena reflexão e me surpreendi ao perceber que desde muito nova sonhava em ter uma clínica que atendesse preferencialmente mulheres. Algo que, no meu sonho infantil, juntaria serviços médicos com salão de beleza e talvez até uma academia de ginástica. Tirando o lado infantil e lúdico de querer brincar de ser dona e ter um dia de princesa todos os dias em meu salão particular, fiquei pensando que todo mundo nasce com o potencial para empreender. Temos muitas idéias, sonhos, criatividade e vontade de construir algo para si. Mas essa capacidade se perde a medida que os anos vão passando.
Perde-se um pouco na escola, que em muitos momentos, reprime o nosso lado inovador e questionador, que estimula a decoreba de conteúdos e assim, saímos moldados repetir o que outros já fizeram. Tudo bem que hoje isso tem mudado, mas em passos lentos e pequenos.
A família é outro fator que muitas vezes limita e bloqueia a criatividade. Mesmo nos tempos atuais muitos pais e familiares sonham carreiras tradicionais para seus filhos, achando que nessas profissões eles serão mais bem sucedidos e terão maior estabilidade financeira. E quando faz a família acaba um pouco com o espaço para idéias diferentes, para a criatividade e assim, a capacidade de sonhar vai acabando aos poucos.
Falo isso por experiência própria, em uma família de Médicos e Engenheiros, escolher a Educação Física como profissão foi bastante desafiador. Como também esta sendo desafiador montar uma empresa, achar meu espaço e escolher o caminho do empreendedorismo. Mas esse é o meu perfil: desafiadora, criativa e um pouco teimosa. E teimosia é uma característica, no meu ponto de vista, necessária para quem deseja se aventurar nos mares do empreendedorismo no Brasil. Com uma empresa recém nascida, eu e meu sócio temos descoberto todos os dias, o que é e o que significa empreender em nosso país. E posso dizer sem medo, que se não fossemos tão teimosos talvez já tivéssemos desistido.
Estamos no fim da semana do empreendedor que foi marcado por muitas comemorações, mas devemos também, aproveitar esse momento para pensar sobre como estimular esse potencial empreendedor em nossos jovens. E, principalmente, fazer com que esses futuros empreendedores cresçam de forma estruturada para ter negócios também sólidos e consolidados. A criança é, naturalmente, empreendedora. Elas têm naturalmente uma postura ousada, criativa e inovadora frente ao mundo. Para ela, nada é impossível. E, por isso, sonha alto.
Assim respondo a pergunta inicial que me originou essa reflexão: Descobri que sou ousada demais, criativa demais e sonhadora demais para fazer um concurso. Arrisco-me a ir mais fundo: talvez seja “infantil” demais para tal!

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